Apego

 Apego

Eu deitei no chão do jardim e olhei para o céu. Os finais de tarde sempre me tomam!  Me traz uma sensação de silêncio, é como se a natureza humana silenciasse nessa hora do dia! É como se eu fosse banhada por paz e terror.

Dá para ouvir as vozes dentro de mim que falam sem parar. Elas dizem muitas coisas, me questionam, me arrancam do externo. Não ouvir essas vozes é como estar adormecido. Elas despertam todas as sensações possíveis de sentir. 

Me sinto em um penhasco, de frente para  uma magnífica montanha, o vento e seu canto, as cores ao redor se misturam com o verde da paisagem, os olhos passeando por todos os lados, sedentos por admirar ou talvez, encontrar algo oculto.  Na beira de um  penhasco todos sentem medo, frio, tremor, tonturas, admiração, adoração. Eis como me sinto ouvindo essas vozes que o silêncio me traz.

Me sinto apegada a alguém, e, pretendo aqui explorar esse medo que sinto, ouvir essas vozes e sentir o pavor da sensação de perda. Eu me permito.

Ser sincera custa o valor do mais puro diamante, esse preço será pago em totalidade.

As vozes vêm como facas de dois gumes. 

Penso que essas vozes são eu 's do passado, da infância, do ontem e do amanhã. Penso até que falam do futuro. São vozes como olhos, nos observam, são ferozes, mansas, atentas, sábias.

Tempo, peço que me deixe ouvi-las e compreender sua linguagem. Mesmo quando elas falam do estômago até a garganta!

Elas me falam de um homem, vou chamá-lo de Mistério.

Mistério me apareceu como um vento forte, não tive aviso prévio, não tive tempo de pensar, escolher, foi como um grande vendaval que deixou rastros. Comparo Mistério com o vento, sopra ao seu querer trazendo a sensação de:  frio, calor, força, calma, desenfreado ou custoso.

São 2 anos de ventanias em todos esses aspectos. 

Quando ele chegou, me deparei com algo grandioso, eu sabia que seria  tomada, havia uma voz…ela  me dizia para acolher Mistério. Eu o rechacei por diversas vezes. Mas a voz me impulsionava a voltar, eu obedeci!

No início pareciamos dois seres ferozes em combate, não existiam acordos entre nós, ele estava de portas fechadas e, eu também, quem iria ousar em abrir-se primeiro? 

Eu usei chaves que o incomodou, suas portas destravaram, mas, sem uma mínima frecha por onde eu pudesse olhar o que havia lá dentro.


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