O vento

De onde ele surge? 

Para onde desloca-se?

Em companhia de quem?

Ao entardecer, eu estava com o humor jubiloso, desfrutando de mim mesma…nessa hora, o vento uivou vigorosamente, detive todos os meus sentidos para ouvi-lo. 

Eu já estava pronta para escrever quando ele alcançou-me.

Ele não vem do Sul ou do Norte, contudo, ao fitar o olhar, vi que vestia-se  de  medo.

Meus olhos esbugalharam… 

Quem sabe, ele só careça ser ouvido.

Não quis confrontá-lo, detive a agonia que me tomava…quero aprender a sua linguagem!

No meu íntimo, questionei: O que queres? Qual o sermão agora?

Todos dizem que ele não é afável, todas as pessoas sentem pavor em sua presença.

Só quero uma trégua!

As mãos suando, um nó espremia-me a garganta, o coração meio atordoado correndo para vários lados, agitado! 

Ele me trouxe a gravura de uma árvore a mente.

Já observei as árvores, seus galhos balanceiam quando o vento lhe bafeja, seja suave ou seja áspero, ele parece ter mãos… chega de improviso e, arranca com mão feroz as folhas mortas e adoentadas, …seu embalo nos galhos, possibilita renovação.

Mas, ele só leva em seu poder aquilo que precisa, nada a mais!

O medo é como o sopro do aprimoramento da consciência, você, é uma formosa árvore, sinta-se chacoalhando, tonto…sente-se desconfortável?

Possivelmente esse sopro só esteja papeando contigo…não agarre as folhas e os frutos tão  fortemente, Não é uma batalha!

Trace a imagem de uma vassoura, varrendo você, ou um raio X, te mapeando e, te revelando  folhas que não necessitam mais ficar na sua árvore.

Feche os olhos, se dispersa das folhas secas, dos frutos pungentes, deixe o vento levar…ele te balança em paz, é você quem se agita!

Não se perturbe a alma, as raízes da sua árvore, estão protegidas pela terra, que é o teu espírito.

Ah, medo!

Que bom te ver, que bom apontar-me o que preciso deixar cair de mim, estava tão pesado, …meus galhos ficarão mais leves e, eu não precisarei mais consumir minha energia com folhas seca, frutos podres… mas sabe, a terra refugiará cada folha, cada fruto, será adubo para o meu solo.

Vento, plante cada folha, cada espinho e, cada fruto onde eu possa contemplar, assim, mudarei minha visão sobre eles.

Medo, você não é indispensável! Você é fertilizante sob os meus pés.

Você está apenas se movendo, sempre que precisar  regresse, para levar de mim as folhas secas e frutos amargos.

O vento soprou…as folhas desgrudaram-se  uma a uma… logo, o vento se foi!


Marcia Maria.

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